Dados do Trabalho


Título

REPERCUSSOES DO COVID-19 EM PACIENTES COM LINFOMA DE HODGKIN

Introdução

Desde 2019 o mundo enfrenta uma pandemia do novo coronavírus. Mesmo assim, ainda é controversa a associação do Covid-19 e vacinação com linfoma de Hodgkin. Uma reação possível à vacinação é a linfadenopatia hipermetabólica associada à vacina, a qual cursa com linfadenomegalia próxima ao local de administração, que pode ser confundida com recidiva de linfomas. Do mesmo modo, alguns pacientes apresentaram remissão de linfoma de Hodgkin após infecção por Covid-19, algo com casuística ainda não esclarecida.

Objetivo

Por meio de uma revisão de bibliografia, analisar a relação e efeitos da infecção por Covid-19 e da vacinação em paciente com linfoma de Hodgkin.

Casuística

Não se aplica.

Método

Desenvolveu-se uma revisão integrativa e retrospectiva no Pubmed, utilizando os seguintes descritores: “"Hodgkin Disease"[Mesh] AND "COVID-19"[Mesh]”. Foram encontrados 21 estudos, dos quais foram selecionados quatro de maior relevância ao tema para posterior análise.

Resultados

Em uma mulher de 33 anos na Espanha com remissão de linfoma de Hodgkin, observou-se aumento dos linfonodos cervicais e abdominais, além do aumento da captação de fluorodesoxiglicose em tomografia realizada 3 dias após sua primeira dose da vacina Covid-19 Oxford-Astrazeneca. Num primeiro momento, cogitou-se o retorno do linfoma, porém, após 8 semanas e nova tomografia, os linfonodos estavam conforme normalidade. Tal caso foi uma apresentação de linfadenopatia hipermetabólica associada à vacina, que possui incidência de 34,9% após vacinação em pacientes com malignidades hematológicas. Essa linfadenopatia tende a aparecer em 24 horas a semanas, próxima ao local da aplicação da vacina, afetando linfonodos axilares, supraclaviculares e cervicais ipsilaterais. Em outro estudo, um homem de 43 anos do Japão com linfoma de Hodgkin apresentou infecção prolongada por Covid-19, mesmo após o fim dos sintomas. Por fim, em dois estudos, um com um homem de 61 anos na Inglaterra e outro com uma mulher de 58 da Polônia, os pacientes apresentaram remissão do linfoma de Hodgkin após a infecção por Covid-19. Os motivos para esses desfechos ainda não são claros, porém acredita-se que a infecção possa acarretar uma resposta antitumoral por ativação do sistema imune através de células natural killers e produção de citocinas pró-inflamatórias, além de reatividade cruzada de células T com antígenos tumorais.

Discussão e conclusões

Visando evitar falsos-positivos de recidiva de linfoma de Hodgkin decorrentes da vacinação, recomenda-se sua administração no braço contralateral ao câncer unilateral. Da mesma forma, a tomografia após remissão de linfoma de Hodgkin deve ser feita apenas se houver suspeita clínica de recidiva. Com o intuito de predizer a infecção prolongada de Covid-19 em pacientes com malignidades hematológicas, convém dar maior ênfase ao exame de PCR após resolução dos sintomas. Ainda, poucos casos de remissão de linfoma de Hodgkin pós infecção por Covid-19 foram descritos, sendo necessários mais estudos para clarificar se há relação significativa entre as duas doenças.

Área

COVID-19

Instituições

Universidade Federal de Pelotas - Rio Grande do Sul - Brasil, Universidade Federal do Rio Grande - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

ARTHUR DUARTE FERNANDES, EDUARDO DE BARROS COELHO BICCA